quinta-feira, 26 de julho de 2012

ADORASHOW?



ADORASHOW?



            Porque já nos dias de Davi e Asafe, desde a antiguidade, havia chefes dos cantores, e dos cânticos de louvores e de ação de graças a Deus.
Neemias 12:46

            Uma vez que lido com a música na igreja há mais de trinta e cinco anos, pude observar, durante esses anos, as transformações ocorridas.
Quando eu era menino, frequentava uma igreja Batista. Igreja tradicional em cuja liturgia utilizavam-se apenas hinos do “cantor cristão” (hinário da denominação Batista). Diga-se de passagem, que alguns hinos são lindíssimos e de profundo significado.
Quem pode contestar a beleza de um “Castelo forte” ou de um “Foi na Cruz” e isto sem falar de outras dezenas de hinos maravilhosos que ainda poderíamos mencionar?
Naquela ocasião, e estamos falando de algo em torno dos anos de 60, não havia ainda os chamados “corinhos” (cânticos compostos por autores nacionais). Os hinos, em sua grande maioria, eram de autoria estrangeira.
A partir dos anos 70 teve início, entre os jovens, um movimento musical evangélico que direcionava para uma pequena transformação nesta área. Surgiram canções compostas por jovens brasileiros, com ritmos que diferenciavam dos tradicionais hinos e que, ao mesmo tempo, atraíam a atenção da juventude, e por que não dizer, de alguns adultos também.
Como disse há pouco, estas canções ficaram conhecidas como “corinhos”.
Por ter um estilo jovem e ritmo acentuado, elas pediam, em seus arranjos musicais, o acompanhamento de alguns instrumentos que não eram encontrados dentro de uma igreja, como guitarra, violão, contrabaixo e “o pior de todos”, a barulhenta bateria.

As igrejas tradicionais, normalmente, usavam para o seu momento de louvor e adoração um piano ou um órgão e nada mais.
O cântico congregacional, como ainda é chamado, era dirigido por um regente, que, em sua grande maioria, era alguém que havia concluído o curso de Música Sacra.
Não havia ainda a pessoa, como hoje conhecemos e chamamos, do Ministro de louvor.
Aos poucos as igrejas foram cedendo e aceitando, claro que sob alguns protestos dos mais conservadores, a entrada de outros instrumentos em suas liturgias.
Gradativamente, o cenário dos cultos foi mudando. Hoje ainda podemos achar igrejas com seus corais e toda sua liturgia mantida, porém, poderemos achar nelas também, em algum canto do templo, um pequeno grupo instrumental mais contemporâneo, ou como alguns preferem chamar, uma banda.
Penso que isto é salutar, pois vejo um povo buscando a sua identidade musical, mesmo dentro de uma igreja e isto, com certeza, não é pecado.
No entanto, tudo isto que falamos até aqui se refere a um meio e não a um fim em si mesmo, ou seja, tanto a música como os instrumentos, sejam eles quais forem, são meios para louvarmos e adorarmos a Deus, e é nisto que desejo me deter.
Não há nenhum problema em vermos e experimentarmos a modernização dos equipamentos e a chegada da tecnologia dentro dos nossos cultos, uma vez que ela chegue tão somente para somar.
Mas o que tem me preocupado e entristecido é o fato de que o meio passou a ser mais importante do que o fim.
A cada dia surgem novas tecnologias, instrumentos musicais cada vez mais modernos, mesas de som digitais, microfones mais sensíveis e amplificadores mais possantes.
É indiscutível que a qualidade dos nossos instrumentos e instrumentistas tem melhorado significativamente. Mas, até aonde isto é positivo ou pode se tornar objeto de disputa e competição dentro do culto?
Em meu livro “A CENTÉSIMA OVELHA” no capítulo “Esta igreja é muito pequena para o meu talento” eu coloco algo que, infelizmente, é muito encontrado hoje dentro das igrejas, mais propriamente, dentro dos ministérios de louvor.

“O ministério de louvor não é uma banda musical onde o objetivo é entreter os ouvintes e fazer uma apresentação dos seus talentos pessoais, esperando em troca o retorno financeiro, o aplauso e a fama.
Não é difícil observarmos verdadeiras batalhas sobre os tablados das igrejas. O guitarrista aumenta o volume do seu instrumento para que todos possam ouvir o seu solo, por sua vez o baixista, que não quer ficar para trás, dá uma “aumentadinha” também no volume do baixo. Sentindo-se prejudicado, o baterista começa então a bater com mais força e inicia um solo de bateria em cima do solo da guitarra. Não podemos nos esquecer do cantor, que faz um sinal ao rapaz da mesa de som para que aumente o seu microfone. Pronto, este é o cenário do ministério de louvor de muitas igrejas hoje, acompanhado de um auditório que, neste momento, faz caras e bocas, devido ao som ensurdecedor produzido por este “abençoado” ministério.
Quem, em sã consciência, pode sentir a presença de Deus em um ambiente assim, onde a vaidade humana, o egoísmo, a rivalidade, a competição e a soberba predominam?”

Não foram poucas as vezes em que estando sobre um palco, tocando e cantando diante de um auditório, fosse grande ou pequeno, minha alma teve de lutar contra o desejo de se envaidecer. Na verdade, a linha que divide a adoração e a vaidade é muito tênue.
A grande verdade é que o povo de um modo geral, até porque as chamadas “rádios evangélicas” doutrinam os seus ouvintes nesta direção, olha para os “levitas” com grande admiração por seu talento musical, tornando-os, muitas vezes, verdadeiros “ídolos”.
Infelizmente, outro dia, ouvi de uma famosa “cantora gospel” em um programa numa das rádios evangélicas, o anúncio de que estaria junto ao seu “fã-clube” numa tarde de autógrafos em determinado lugar.
E é nisso que alguns ministérios e ministros têm se tornado, verdadeiros ídolos. O meio passou a tomar o lugar do fim.
Gosto muito da atitude e da postura que João Batista tomou quando Jesus entrou em cena.

            É necessário que ele cresça e que eu diminua.
João 3:30

Penso que este deveria ser o sentimento de todo aquele que decide subir num palco, tablado ou mesmo um caixote de tomate para louvar e adorar ao Senhor.
Mas, ao contrário, o que temos visto com o passar do tempo são mega-shows. Auditórios em verdadeiros delírios, alucinados com a entrada do seu “cantor gospel” preferido. Superproduções que em nada deixam a desejar aos maiores concertos de rock que hoje existem no mundo. Porém, volto a dizer que não sou contra as superproduções, até porque não podemos deixar de mencionar que há servos de Deus que têm honrado o nome do Senhor em seus ministérios, mesmo através de megaeventos.
Mas, gostaria de chamar a sua atenção à letra da música que o Aurélio Rocha, um grande amigo meu de infância compôs e que o Brasil inteiro canta.

“Primeiro amor”

Quero voltar ao início de tudo, encontrar-me contigo Senhor
Quero rever meus conceitos, valores, eu quero reconstruir
Vou regressar ao caminho, vou ver as primeiras obras Senhor
Eu me arrependo, Senhor, me arrependo, Senhor,
Me arrependo, Senhor

Eu quero voltar ao primeiro amor, ao primeiro amor,
Eu quero voltar a Deus

Com muita tristeza, vejo a história de alguns cantores e cantoras que quando começaram eram pessoas humildes e sinceras, mas com o passar do tempo, com a chegada da fama, do sucesso e do dinheiro, foram se transformando até ao ponto de hoje entrarem nos lugares acompanhados de seguranças. É uma pena. Jesus vivia cercado pelas multidões, mas isso nunca o impediu de levar adiante o seu ministério.
Talvez, o que precisamos seja exatamente voltar ao primeiro amor, onde tudo começou, ao início de tudo. Talvez seja necessário que regressemos no caminho e vejamos as nossas primeiras obras e como foram realizadas, ou seja, com que espírito as fizemos.
Que a nossa adoração chegue ao Trono de Deus e possamos impedir que ela se transforme em uma “adorashow”.
Talvez, e por fim, seja realmente necessário que nos arrependamos diante do Senhor e voltemos ao primeiro amor... Jesus.
Peço que por mais alguns minutos ainda, você possa parar e ouvir esta canção que fala profundamente ao nosso coração e, quem sabe, em espírito de oração, você possa ter um momento de quebrantamento e profunda adoração ao Senhor.
Deus te abençoe e te conduza à Sala do Trono e que a nuvem da Glória de Deus desça em sua casa e em sua vida.
Sinceramente,
Roberto Caputo





sábado, 14 de julho de 2012

FAST FOOD ESPIRITUAL





 

FAST FOOD ESPIRITUAL

            Estamos presenciando hoje em dia, no meio da igreja, uma verdadeira dieta da palavra de Deus. Milhares de pessoas não leem mais a Bíblia e ficam por conta de se alimentarem apenas com o que ouvem de seus líderes espirituais. (pastores, bispos, apóstolos, etc)
A palavra de Deus é o maior e melhor manual de vida que o ser humano pode ter e nela está a expressão perfeita da vontade de Deus para o homem.

            Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
Salmos 119:105

Com o advento da tecnologia, da transmissão dos cultos pela internet, muitos estão escolhendo ficar em casa e não mais frequentar as igrejas como antes se fazia.
As Escolas Dominicais estão vazias e os grupos de estudos bíblicos já não são tão frequentados.
A igreja eletrônica invadiu os lares e os pregadores da mídia estão substituindo os púlpitos de nossas igrejas.
Infelizmente, milhares de crentes, por preguiça, por não desejarem compromisso e por comodismo, preferem ficar em casa a irem à sua igreja e ter comunhão com o Corpo de Cristo.
É mais fácil, mais barato, pois eu não preciso tirar o carro da garagem e nem escolher uma roupa nova a cada encontro, além do quê, eu posso assistir o culto sentado na minha poltrona favorita com um copo de suco na mão.
Mas o pior dessa prática é que muitos estão recebendo o que ouvem pela mídia sem nenhuma crítica ou avaliação pessoal do que está sendo pregado.
           
            Examina todas as coisas e retém o que é bom.
I Tessalonicenses 5:21

Alguns pregadores têm despejado verdadeiras aberrações teológicas sobre o povo e isto sem nenhum tipo qualquer de filtro.
Hoje, se você pode pagar pelo horário da tv ou do rádio, você pode colocar no ar qualquer programa e se apresentar como sendo um pastor, bispo, apóstolo ou qualquer outro título que quiser.
Outro dia ouvi um destes pregadores dizer que Deus não nos dá nada atoa, ou seja, esse “pastor” simplesmente negou a graça de Deus.
A graça tem como significado “favor imerecido”. Sendo assim, a Bíblia deixa bem claro que Deus nos abençoa não por aquilo que pudermos fazer ou pelo nosso mérito, mas por Seu amor que, segundo a própria Bíblia, excede todo o entendimento.
Desta maneira, as pessoas estão se afastando da palavra de Deus e recebendo muito lixo espiritual na forma de um fast food espiritual.

Nada, absolutamente nada pode substituir a leitura e meditação diária na palavra de Deus.

            Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
Josué 1:8

Uma das mensagens mais pregadas hoje é a respeito da prosperidade material. Pastores induzem o povo a crer que a sua “vitória” está em ter coisas e muitos deles associam esta “vitória” ao valor da oferta que pode ser entregue, ou melhor, depositada na conta que aparece na barra do seu vídeo.
Os testemunhos que ouvimos sempre se iniciam com a frase: antes eu tinha só... e terminam com:  agora eu tenho isso, isso e aquilo.
O que importa é o que eu tenho e ainda posso ter, então, se entendermos deste modo, o texto de II Coríntios 5:17 deveria ser arrancado da Bíblia.

            Assim que, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
II Coríntios 5:17

Não basta ser nova criatura, mas sim ser uma criatura que tenha coisas novas (carro zero, casa nova, empresas, roupas de marca, etc).
O pecado não incomoda mais. Vemos crentes envolvidos com escândalos, noitadas, prostituição, adultério, corrupção. Pastor orando a Deus agradecendo o dinheiro que recebeu da corrupção de políticos e muitas outras coisas, mas tudo isto porque aqueles que deveriam pregar contra o pecado estão calados e só pregam o que o seu “auditório” deseja e gosta de ouvir.
Quando pregamos a verdadeira palavra de Deus, muitos torcem o nariz e alguns até se levantam e saem.
Desejo lembrar o evangelho que João Batista pregava e que o próprio Jesus, após a morte de João Batista, continuou pregando.

            E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Mateus 3:1,2

            Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Mateus 4:17

Repare que a ênfase da pregação do evangelho de João Batista e do Senhor Jesus é “arrependei-vos”. É isto que Deus deseja do homem, que se arrependa do seu pecado e se volte para Ele.
Mas como este homem poderá arrepender-se do seu pecado se não pregamos mais contra o pecado e apenas lhe dizemos que ele é “cabeça e não é cauda”?


Penso que é urgente a volta aos bancos da Escola Bíblica Dominical. Quando vou pregar e anuncio o texto bíblico a ser lido, percebo que muitos no auditório não sabem se o livro que mencionei fica no Velho ou no Novo Testamento.
Não desejo me apresentar diante de Jesus envergonhado.

            Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
II Timóteo 2:15

Quais os textos bíblicos que falam ao seu coração? Onde se encontram? Eles estão marcados em sua Bíblia? Aliás, você costuma marcar a sua Bíblia durante a sua leitura diária? Esta é uma excelente prática, mas só podem fazê-la aqueles que leem a palavra diariamente.
A única arma de ataque que dispomos, descrita na “Armadura de Deus” por Paulo é a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.
Foi esta arma que Jesus usou contra o diabo quando foi atacado no deserto durante o seu jejum de quarenta dias.
A primeira coisa que Ele dizia para combater satanás foi:

Está escrito...

Você sabe o que está escrito na palavra de Deus? Você está apto para combater os ataques do inimigo com o conteúdo das Escrituras?
Ou será que você é um dos que estão fazendo dieta da palavra de Deus? Você também prefere o fast food espiritual?
Muitos desejam somente as experiências emocionais que alguns cultos podem proporcionar, mas não sabem que quando temos contato direto com a palavra de Deus podemos ficar como que embriagados pelo Senhor e por Sua palavra.

            Quanto aos profetas, já o meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido de vinho, por causa do SENHOR, e por causa das suas santas palavras.
Jeremias 23:9

Desejo, portanto, e para terminar, lhe estimular a que abandone a poltrona da sala e volte a estar em sua igreja no meio da congregação dos santos para, junto com os seus irmãos em Cristo, louvar a Deus, estudar a palavra e ser bênção na vida de outros, abandonando a equivocada ideia de que vamos a igreja para buscarmos a nossa bênção.

            Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.
Hebreus 10:25

Não se esqueça do que o Senhor nos diz em Sua palavra.

Sê tu uma bênção.
Gênesis 12:2b

Para tanto o Senhor te abençoe e te use poderosamente.


Roberto Caputo

domingo, 8 de julho de 2012

SANTIDADE NO CORPO


SANTIDADE NO CORPO






            Andai no Espírito e jamais satisfareis os desejos da carne.
Gálatas 5.16




Onde é a central dos sentidos do nosso ser?

Onde sentimos e desfrutamos de todas as sensações da vida, prazerosas ou não?
Onde se reflete mais, a gigantesca onda de alegria com a notícia da chegada de um filho, ou o esmagador peso de tristeza ao saber da perda de um ente querido?
            Para essas e outras perguntas, a resposta é a mesma: No corpo.
            Nosso corpo tem a capacidade, dada por Deus, de sentir e expressar em si mesmo praticamente tudo que nossa alma sente.
Nosso cérebro, por meio de todo o seu sistema nervoso, envia para todas as partes do corpo, vamos dizer, notícias as mais diversas, sejam boas ou ruins, e o corpo, por sua vez, reage a essas notícias de alguma forma.
Talvez você seja uma daquelas pessoas que, quando são pegas de surpresa com uma notícia muito boa, ficam completamente sem fala, ou então sentem sua pressão cair repentinamente, ou talvez ainda, não conseguem conter o choro, bem, seja como for, esse é o seu corpo, o qual Deus criou com tanta perfeição e detalhes.
Alguns acham que ter febre é algo ruim, mas eu digo a você que a febre é uma bênção de Deus, pois é na presença dela que percebemos que há algo mais sério em nosso corpo que precisa ser pesquisado. Ela é o alarme que Deus colocou em nós para identificarmos uma infecção ou alguma doença mais séria.
Outro dia ouvi uma médica declarar numa entrevista, que em nosso cérebro há uma parte que é responsável por controlar as condições de descanso do corpo. Ou seja, se eu forçar o meu corpo a permanecer ativo por mais tempo do que ele é capaz de suportar, essa parte do cérebro simplesmente detecta que o corpo precisa descansar imediatamente e então ela dispara uma ordem e o corpo simplesmente desliga na mesma hora, quer dizer, a pessoa instantaneamente começa a dormir. Isso não é tremendo?
Há muitos anos, ao levar minha filha a uma consulta médica, fui informado pelo médico, um neurologista, que não precisávamos ficar alarmados com o fato de ela perder o choro e, por conseguinte, desmaiar sem respirar, pois o cérebro, depois de determinado tempo, envia uma ordem aos pulmões para que respirem e era exatamente isso que acontecia com ela. Depois de um tempo desmaiada, nos trazendo muita preocupação, ela voltava a respirar sozinha, e de repente.
Eu poderia ainda, tentar citar muitos outros detalhes do nosso corpo, mas isso não será possível, porque, em primeiro lugar, não sou um médico que possa descrevê-lo de forma tão minuciosa e,  em segundo lugar, o objetivo já foi alcançado, que é mostrar a você o carinho e cuidado de Deus ao criar-nos conforme à Sua imagem e semelhança. Infelizmente, muitos cristãos olham o corpo como algo pecaminoso, maligno e imundo.
Sei da história de mulheres que têm nojo do próprio corpo e de sua parte íntima. Quero dizer que há um grande equívoco aí. Quando lemos na Palavra de Deus o relato da criação do homem, observamos que a declaração do Senhor é uma só.

            E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
Gênesis 1.31 (destaques do autor)

"...e eis que era muito bom..." portanto, podemos entender que o corpo com o qual o Senhor nos dotou, comn todos os seus detalhes e segredos, é muito bom.
Na verdade, o problema não está no corpo, mas na forma como o utilizamos.
Muitos homens e mulheres não têm a menor ideia do imenso valor desta parte de nosso ser com a qual fomos presenteados por Deus. Com o corpo, você pode ir à praia e tomar um delicioso banho de mar num dia de extremo calor. No seu corpo, você sente as emoções fortes da descida de uma enorme montanha-russa. Quando um filho pequeno abraça seu pai em um momento de medo, aquele abraço traz uma sensação de grande segurança e o medo imediatamente vai embora. Quando temos relação íntima com o nosso cônjuge, é no corpo que este momento de amor e de grande prazer e alegria se manifesta por meio do orgasmo. Enfim, Deus nos deu um grande presente quando nos fez com um corpo com tantos sentidos.
Porém, Deus não nos deu um corpo para que o utilizássemos de qualquer maneira. Deus não nos deu um corpo para ser prostituído, para ser drogado, para ser alcoolizado, maltratado ou destruído.

            Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências.
Romanos 6.12

Poderíamos dizer que o corpo é a vitrina do nosso ser. Quando as pessoas nos veem pela primeira vez, elas não sabem como somos no nosso interior. Se somos calmos ou agitados, se somos inteligentes ou não, se somos ativos ou preguiçosos. Na verdade, a única coisa que elas conseguem ver em nós em um primeiro contato é o nosso corpo.
Como andamos, como nos vestimos, como penteamos o nosso cabelo, se somos gordos ou magros, altos ou baixos, se somos atléticos ou não, se temos uma aparência limpa ou desleixada. É neste primeiro contato que se dá por meio dos olhos que, invariavelmente, avaliamos e somos avaliados.
Na verdade, o nosso corpo passa muitas mensagens verdadeiras e falsas. Muitas pessoas julgam as outras pela aparência e isto, nós sabemos, é um erro.

            Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.
João 7.24

O Senhor Jesus nos dá o exemplo nesta questão.

            E perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus.
Lucas 20.21

Quando falamos de aparência, isso nos traz a lembrança de algo que está diretamente ligado a ela, ou seja, os olhos. Como assim? Pare para pensar um pouco. Como eu reparo na aparência de alguém? Através dos olhos, é claro. E a Bíblia coloca de forma muito direta a importância dos olhos no corpo. Veja.

            A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas.
Mateus 6.22,23

Os olhos são a porta de entrada para a nossa alma de tudo que está no exterior. Eu acho tremenda essa comparação que o Senhor Jesus faz dos olhos com uma candeia e da importância que ele tem sobre todo o corpo.
Se você pensar por um momento, perceberá que todo o nosso ser é afetado pelo que nossos olhos veem. E isto pode ser de forma positiva ou negativa.
Quando Jesus fala que se os nossos olhos forem bons todo o nosso corpo terá luz, e que se forem maus, o nosso corpo será tenebroso, Ele está falando acerca de escolhas.
            Ele está falando acerca daquilo que eu permito que meus olhos vejam. Quero lembrar a você que esta é uma das estratégias que o inimigo usa para tentar destruir o povo de Deus e isso desde a criação do mundo.

            Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.
Gênesis 3.4-6 (destaques do autor)

"...agradável aos olhos...". Esta é a isca, agradável aos olhos, desejável aos olhos, cobiçável aos olhos.
Sei que não podemos deixar de ver as coisas ao nosso redor, só se fecharmos os olhos ou ficarmos cegos, mas nenhuma das duas opções é necessária, basta, sim, sabermos escolher o que iremos reter em nossas mentes e corações.
Eu não posso deixar de ver a mulher bonita e sensual que vem na minha direção quando caminho pela rua, mas posso escolher não me virar para trás para olhá-la outra vez, porque dessa vez, com certeza, seria com olhos de desejo lascivo.
A imagem que meus olhos veem é enviada imediatamente ao meu cérebro e lá ela será processada.
Vamos fazer uma alegoria com isso. Assim que uma imagem chega à mente, ela é enviada ao departamento de imagens e os responsáveis por esse departamento têm de decidir o que fazer com ela. Para isso, primeiro eles precisam avaliar se essa imagem é importante para a vida desta pessoa.
Se decidirem que não, imediatamente ela será enviada para o arquivo inativo e de lá não será mais retirada. Se, porém, decidirem que é importante, então ela será enviada para o departamento de planejamento para que estes estabeleçam estratégias com as quais se poderá tirar algum proveito dessa imagem.
Definida a estratégia a ser usada, então o assunto é passado para o departamento de execuções, onde as atitudes serão tomadas.
Bem, a única diferença dessa pequena historinha para a realidade é que, na maioria das vezes, isso acontece em fração de segundos e, muitas vezes, as nossas avaliações são totalmente equivocadas, levando-nos a atitudes das quais nos arrependeremos amargamente mais tarde.
Você pode perceber a importância dos olhos dentro desse capítulo que fala acerca da santidade do corpo? Se aprendermos a lidar com o que os nossos olhos veem, segundo a Palavra de Deus, teremos conquistado um grande terreno em direção à santidade almejada. Quero lembrar um texto que citei no capítulo anterior.

            De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.
Salmos 119.9

            Observe que este texto se refere a caminho, e no texto em que comecei este capítulo, lemos:

            Andai no Espírito e jamais satisfareis os desejos da carne.
Gálatas 5.16

            Aqui também fala de andar no Espírito. Os dois textos nos dão uma ideia de movimento, de continuidade. Ao contrário do que alguns pensam, a vida cristã não é uma vida de reclusão e de isolamento total do mundo. A vida cristã é, antes de qualquer coisa, vida, e vida é para ser vivida no mundo, porém, não na forma do mundo.
            Você pode perceber como a vida está ligada à santidade no corpo? Quando você entregou sua vida a Jesus, e O confessou com a sua própria boca como Senhor e Salvador, você estava com isso declarando e fazendo uma aliança com Ele para viver de modo digno e da forma que O honre em cada gesto seu enquanto você viver.
            Talvez você possa também estar pensando como ser santo no corpo? Quero então tentar lhe responder com um último texto neste capítulo para a sua meditação.

            Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.
João 17.15-17


extraído do livro "SANTIDADE, Uma Arma de Defesa
Editora Ágape